Carolina Iglesias
Calor pode ter contribuído para o aumento de casos
Se você for picado por uma abelha uma única vez, se prepare. Possivelmente você não sairá ileso deste ataque e poderá colecionar mais uma dezena de picadas se não correr a tempo. Apesar de parecer um dos insetos mais inofensivos, a abelha, quando atacada, pode representar mais perigo do que se imagina.
Em pessoas hipersensíveis, uma única ferroada pode levar à morte. Quem assistiu ao filme “Meu Primeiro Amor” sabe muito bem do que uma ferroada é capaz. No longa, o personagem Thomas, interpretado por Macaulay Culkin, morre após ser atacado por dezenas de abelhas.
Em Santos, conforme informações do Corpo de Bombeiros, o número de atendimentos registrados em janeiro deste ano quase triplicou em comparação com o mesmo período de 2013, saltando de 33 para 91. O aumento do número de chamados está associado ao forte calor. Porém, na Cidade, nenhum registro mais grave em decorrência de picadas foi registrado.
Conforme informações do comandante interino do 6º Grupamento dos Bombeiros, major Fábio Rogério Betini, as intervenções se concentram na área urbana – no centro e na região da orla. “Não existe um lugar específico para o surgimento de abelhas. Pode ser em uma árvore, num poste, no telhado. Há também registros em residências, desde sobrados até apartamentos”, comenta.
Em janeiro, conforme levantamento da corporação, o maior número de ocorrências foi registrado na Zona Noroeste, onde 30 chamados foram abertos. Já na Zona Sul da Cidade, que compreende os bairros do Gonzaga, Pompeia e José Menino, foram realizadas 26 intervenções do Corpo de Bombeiros.
Na Zona Centro, que concentra, além do próprio bairro, as regiões da Vila Nova, Vila Mathias e Jabaquara, outros 20 casos chegaram ao conhecimento da corporação. Já na Zona da Ponta da Praia e áreas adjacentes (Zona Leste, Boqueirão, Embaré e Aparecida), no mês de janeiro, 15 casos foram computados.
Comportamento agitado
Apesar do aumento no índice de ocorrências em Santos, o comandante do 6º Grupamento dos Bombeiros, afirma que a intervenção do Corpo de Bombeiros só ocorre se o inseto estiver agressivo. “As abelhas podem fazer colmeias onde quiser, mas se o inseto tiver um comportamento mais agitado, que represente risco à população, a orientação é acionar o Corpo de Bombeiros”.
Primeira picada sempre atrairá novos ataques
Para o professor de pós-graduação em Ecologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Mohamed Habib, especialista em insetos, esse ano, o calor exagerado pode ter contribuído para o registro de mais ocorrências no Município. Segundo ele, com as colmeias prejudicadas pelas altas temperaturas, as abelhas partem para a enxaminação, na tentativa de construir um novo lar, com temperaturas mais amenas. “Qualquer sombra que transmita sensação de temperatura mais amena pode favorecer a enxaminação. Uma árvore, um telhado, basta ter sombra que é perfeito para que elas façam um novo ninho”.
Além disso, o professor lembra que janeiro costuma ser um dos meses de maior atividades das abelhas. “É neste período que elas têm maior colheita de néctar e pólens. Esse material serve para a alimentação da comunidade das abelhas e também pode ser guardado para necessidades futuras, como no outono e inverno, quando flores estão mais escassas”, explica.
Não mexa na colmeia
Mas com tantas abelhas à solta, como evitar ser picado? Segundo o professor, a orientação é simples: não mexa na colmeia. “As abelhas normalmente não têm o hábito de atacar ninguém. Isso só ocorre quando elas se sentem ameaçadas”, comenta.
Se você não seguiu essa orientação e acabou enfezando as pequenas, fique preparado para um ataque. “Quando a abelha ataca, injeta um veneno sob a pele através do ferrão. Essa substância química passa por um processo de evaporação e acaba marcando a pessoa. E é o odor desta substância que possibilita que a vítima seja novamente atacada”. Em casos como esse, segundo o professor, o jeito é deixar o local imediatamente. “A primeira picada sempre atrairá novos ataques”.
Em pessoas não alérgicas, a picada do inseto costuma provocar dor, inchaço e vermelhidão. Nestes casos, o tratamento é bastante simples, segundo o professor da Unisanta. “Assim que for picado, você deve tirar o ferrão de dentro da pele com uma pinça ou com os dedos e, com um pedaço de algodão com álcool esfregar o local para dissolver o veneno. Depois, basta passar alguma pomada para aliviar a dor”.
Já no caso de vítimas hipersensíveis, a recomendação é procurar um pronto-socorro para evitar quadros mais graves, como edema de glote ou até um choque anafilático.
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